Como a atividade física contribui para uma relação saudável com a alimentação

Thalitta Sotte

A Relação entre Exercício e Comportamento Alimentar

Atualmente, vemos um crescente interesse pelo comportamento alimentar e pelo conceito de “Mindful Eating”, ou alimentação consciente. Embora alimentação e exercício sejam partes essenciais de uma vida saudável, o entendimento sobre como eles se influenciam ainda é pouco explorado por muitos. Estudos mostram que a prática de exercícios pode impactar a maneira como lidamos com a comida, especialmente em relação ao controle da fome e da saciedade, além de ajudar a reduzir a dependência emocional dos alimentos. 

A prática regular de exercícios físicos libera neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, que estão associados ao bem-estar e à redução do estresse, fatores que impactam diretamente no comportamento alimentar.

Benefícios Psicológicos do Exercício para o Controle Alimentar

Uma das razões pelas quais a prática de exercícios ajuda no controle da alimentação é o efeito positivo que ela tem na saúde mental. Exercícios aeróbicos, como corrida e caminhada, promovem a liberação de endorfinas, que elevam o humor e reduzem sintomas de ansiedade e depressão. Pessoas que mantêm uma rotina de exercícios relatam menor tendência ao uso de alimentos como compensação emocional, pois se sentem mais satisfeitas e confiantes.

De acordo com um estudo publicado no Journal of Health Psychology, o exercício regular pode reduzir a incidência de “comer emocional” em até 30%, especialmente em adultos que sofrem de altos níveis de estresse.

Exercício como Regulador de Fome e Saciamento

Praticar atividade física também exerce influência sobre hormônios ligados à fome e à saciedade, como a grelina e a leptina. Durante e após a atividade física, os níveis de grelina (hormônio da fome) tendem a diminuir, enquanto os níveis de leptina (hormônio da saciedade) podem ser regulados positivamente. Esse efeito é particularmente interessante porque ajuda as pessoas a fazerem escolhas alimentares mais intuitivas, atendendo melhor às necessidades do corpo.

Um estudo realizado pela American Journal of Physiology revelou que exercícios intensos e moderados ajudam a controlar o apetite por até duas horas após a prática, promovendo uma maior conscientização alimentar.

Exercício e a Autoimagem

Desenvolver a percepção corporal é um dos aspectos mais impactantes do exercício físico. Atividades como a musculação, yoga e corrida promovem uma conexão mais profunda com o corpo, ajudando a fortalecer a autoimagem. Quando praticado de forma consistente, o exercício melhora a autopercepção e fortalece a autoestima. Esse fator é essencial para quem busca uma relação mais saudável com a comida, pois ajuda a ver a alimentação como um meio de cuidar do corpo e não apenas como uma resposta a pressões externas.

Pesquisas publicadas no International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity apontam que o aumento da percepção corporal proporcionado pelo exercício está diretamente ligado ao aumento da autoestima, fundamental para um comportamento alimentar equilibrado.

Estratégias para Integrar Exercício e Alimentação Consciente

Para aqueles que querem iniciar uma jornada de alimentação consciente junto com o exercício, a academia pode ser um ambiente perfeito para isso. Práticas como Mindful Eating (ou alimentação consciente) recomendam que, após o exercício, a pessoa se atente à sua fome e ao tipo de alimento que melhor nutre o corpo. A sugestão é incluir alimentos que complementem o esforço físico e reponham nutrientes, considerando sempre o que o corpo está “pedindo”.

A prática de Mindful Eating sugere que a pessoa faça uma pausa antes de consumir qualquer alimento pós-treino e reflita sobre o que realmente deseja e precisa comer, evitando escolhas impulsivas e favorecendo a satisfação física e emocional.

O Caminho para o Equilíbrio e o Autocuidado

A prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada formam uma parceria poderosa para a saúde e o bem-estar. A academia é um ambiente ideal para que essa combinação ocorra de maneira estruturada, facilitando o acesso a recursos e profissionais que apoiam essa jornada. O exercício, além de fortalecer o corpo, pode ser uma ferramenta de autoconhecimento e de fortalecimento emocional, ajudando a pessoa a se sentir bem consigo mesma e a fazer escolhas alimentares mais conscientes e saudáveis.

Encare o exercício como um momento de autocuidado que contribui para o equilíbrio físico e emocional. A relação com a comida não precisa ser conflituosa, e com apoio e orientação, é possível trilhar um caminho de bem-estar integral.

Thalita Sotte
Psicóloga
Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental
Especialista em Comportamento Alimentar e Transtornos Alimentares
Instagram: thalittasotte.psi